Entenda como funciona a transferência de embriões para o útero após o processo de Fertilização in Vitro (FIV)
O processo de Fertilização in Vitro (FIV) começa com o estímulo e coleta de óvulos, que são posteriormente fertilizados em ambiente laboratorial controlado e, em seguida, implantados no interior do útero, para que se fixem no endométrio e deem início à gestação. A essa última etapa da FIV é dado o nome de transferência embrionária.
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Como é realizada a transferência embrionária?
O processo de transferência embrionária é realizado após a fertilização dos óvulos, que podem ser coletados da paciente no ciclo natural ou por estimulação hormonal da ovulação. A transferência pode ser feita depois de um período de preservação, caso a paciente opte pelo congelamento de embriões, ou “a fresco”, ou seja, em seguida ao processo de fertilização e seleção dos embriões mais propícios a um nascimento saudável.
Nos casos em que a paciente não deseja congelar os embriões, o procedimento de transferência embrionária ocorre de 2 a 5 dias após a coleta dos óvulos. No 1º dia, observamos em quais óvulos ocorreu a fertilização. Do 2º ao 4º dia, ocorre a clivagem (divisão e multiplicação celular), e o embrião fica como uma “amora” — daí o nome técnico “mórula”. — A partir do 5º dia, o embrião se expande e cria uma cavidade, ficando como uma “bexiga”, o chamado blastocisto.
É nesse estágio de blastocisto que o embrião se implanta no útero em uma gestação espontânea. Por isso, na fertilização, muitos consideram que esse é o estágio ideal do embrião para a transferência. Mas somente os melhores laboratórios, mais experientes e bem equipados conseguem cultivar os embriões até essa fase com boas taxas de sucesso.
A transferência dos embriões para a cavidade uterina é, quase sempre, indolor, podendo a paciente sentir apenas um pequeno desconforto. Por meio de cateteres maleáveis, os embriões são inseridos de modo que possam se implantar no endométrio, num processo chamado de nidação. Esse é o momento que marca o início da gestação. Geralmente, não é necessário o uso de anestesia nem de sedação. O procedimento dura poucos minutos, e a paciente pode voltar às suas atividades normais em seguida, devendo realizar o teste de gravidez 11 dias após a transferência.
Quantidade de embriões que pode ser transferida
A quantidade de embriões que pode ser transferida depende de uma série de fatores. É importante analisar a idade da mulher, a anatomia uterina e a presença de doenças clínicas que aumentem os riscos da gravidez. Quando a paciente tem condições que por si já aumentam os riscos da gravidez, opta-se preferencialmente por transferir um único embrião. É o caso da diabetes, da hipertensão, da obesidade ou de cardiopatias, entre outros. Também em casos com útero pequeno ou bicorno, por exemplo, é melhor evitar transferir mais de 1 embrião. Nessas situações, a ocorrência de gêmeos piora muito o prognóstico.
Na transferência embrionária, as chances de sucesso da gravidez aumentam em 50% quando se transferem 2 embriões, mas o risco de gêmeos fica em torno de 15 a 20%. Por isso, podem-se transferir múltiplos embriões, principalmente em mulheres saudáveis. A lei permite 1 ou 2 embriões até 37 anos, e até 3 embriões acima dessa idade.
Outro ponto a se considerar é a realização ou não da PGT (análise genética pré- implantacional, ou, vulgarmente, “biópsia dos embriões”). Nesse caso, como são utilizados somente embriões euploides (com número normal de cromossomos), a chance de gestação é maior, então recomenda-se a transferência de embrião único. Em um mundo ideal, captaríamos 1 óvulo e ele evoluiria em 1 embrião que seria transferido sozinho e sempre evoluiria para gestação. Enquanto esse cenário não chega, podemos, em alguns casos, transferir mais embriões, para aumentar as chances de gravidez.
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De quais maneiras pode ser feita a transferência embrionária?
A transferência embrionária pode ser realizada de duas formas: a fresco, quando realizada logo após a fertilização, ou com a utilização de embriões que estavam anteriormente congelados. As chances de gravidez são as mesmas a fresco ou pós-congelamento.
No caso da transferência embrionária de embriões congelados, o procedimento é realizado em data marcada no momento mais propício para a mulher, seja por desejo ou por necessidade, como nos casos em que a paciente precisa passar por um tratamento antes de engravidar. O tempo entre a fecundação e a transferência embrionária pode ser de anos, já que o congelamento dos embriões pode ser feito por tempo indeterminado. Já há pessoas saudáveis nascidas a partir de embriões congelados por mais de 30 anos!
Cuidados após a transferência embrionária
Após a transferência embrionária, alguns cuidados precisam ser tomados para que a implantação do embrião no útero ocorra com sucesso e sem complicações. De modo geral, são cuidados muito semelhantes aos que devem ser tomados no início de uma gestação espontânea. Dessa forma, os principais cuidados são:
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Evitar o excesso de café;
- Consumir alimentos saudáveis e se hidratar bem;
- Evitar esforço físico demasiado, da mesma forma que evitar o sedentarismo.
Além dessas recomendações, é importante ter em mente que após a transferência embrionária, principalmente após a confirmação da gravidez, é possível seguir a vida normalmente, com trabalho, estudo e outras rotinas, desde que a paciente continue fazendo todo o acompanhamento gestacional necessário, como em uma gravidez espontânea.
Entre em contato e agende uma consulta para saber mais sobre esse e demais assuntos com o Dr. Maurilio Palhares.
Fontes:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
